terça-feira, 17 de maio de 2011

Embasamento Histórico

 Para descobrir o principal objetivo da pesquisa que é saber se a migração de artistas circenses é feita pelo viés cultural ou econômico, ou por ambos, torna-se necessário também explorar um pouco da imigração no Brasil e da história do circo.
As imigrações deixaram fortes marcas demográficas, culturais, sociais e economias no Brasil. Em linhas gerais, são consideradas imigrantes, as pessoas que entraram no país após 1822, ano da independência, antes esses indivíduos eram considerados colonizadores. Até 1870, os imigrantes não excediam três mil indivíduos por ano e tinha como origem Portugal, Espanha e Alemanha. Inicialmente, o crescimento da imigração tem como causa o fim do tráfico internacional de escravos para o Brasil, numa segunda etapa tem como causa a expansão da economia agrícola, principalmente no período das grandes plantações de café no estado de São Paulo. Cabe ressaltar que a imigração como fonte de mão-de-obra para as fazendas de café, acontece entre o final do século XIX e o início do século XX, com predomínio de italianos e japoneses. Desta forma, levando em conta que de 1872 até o ano 2000 foram cerca de 6 milhões de imigrantes que chegaram ao Brasil, a imigração tem relevância histórica, cultural e econômica, e inegavelmente é a base da formação miscigenada do povo brasileiro e a essência do que é ser brasileiro.
Muitos historiadores relatam apenas a vertente ocidental da história do circo, mas a arte circense já existia na China há quatro mil anos atrás, onde a acrobacia era bastante popular. Na China antiga também ocorria um festival anual de arte circense, origem dos números da corda bamba e do equilíbrio sobre as mãos. Mas foi na Europa, ainda no Império Romano, que o circo ganhou força e se desenvolveu. A importância e a grandiosidade desses espetáculos podem ser atestada pelo Circo Máximo de Roma, construído onde hoje estão as ruínas do Coliseu Romano. Nesta época, o circo consistia em uma área dividida em pista, arquibancada e cavalarias, onde ocorriam corridas de cavalos, combate de gladiadores, duelos entre homens e animais, ou entre animais. Com a queda do Império Romano, os artistas circenses passam a se apresentar nas praças públicas. No fim do século XVIII, há relatos históricos que apontam grupos circenses indo de cidade em cidade, em lombo de burros, fazendo de tudo um pouco em pequenos espetáculos em busca de público e de sustento, algo que demonstra a essência de livre migração destes artistas, bem como sua necessidade retorno financeiro do trabalho artistico. Nessa época, os circos não tinham a mesma organização de hoje com lona, arquibancadas e picadeiro, mas já apresentavam números que permanecem ainda hoje, como engolidores de fogo, truques mágicos e malabarismos.
Troup dos Irmãos Temperani estreando em São Paulo

Nesta mesma época, a documentação histórica aponta grupos circenses no Brasil. Normalmente, companhias formadas por ciganos, expulsos da Península Ibérica que em suas apresentações faziam doma de animais, números de ilusionismo e até teatro de bonecos. Mas o circo moderno só chegou ao país por meio de grandes companhias européias na década de 1830 incentivado pelos ciclos econômicos do café, borracha e cana-de-açúcar. Essas companhias ajudaram a formar as primeiras famílias de circo, realmente famílias com laços consangüíneos. Pai, avô, filho, sobrinhos e netos responsáveis pela infra-estrutura e montagem do circo, bem como pelo espetáculo. Essas companhias mantidos os números clássicos europeus, como o engolidor de fogo ou o a corda bamba, entretanto foram criadas novas atrações que enquadravam à cultura do povo brasileiro. O fim do século XIX é considerado a fase de ouro do circo no Brasil.

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